[RESENHA] A Defesa Tem a Palavra, de Evandro Lins e Silva - Série Ângela Diniz
dezembro 10, 2025Reler A Defesa Tem a Palavra em pleno momento em que o caso Ângela Diniz voltou ao centro das discussões, graças à nova série da HBO, foi uma experiência especialmente marcante para mim, como advogado criminalista. Revisitar as sustentações de Evandro Lins e Silva enquanto o país volta a debater um dos julgamentos mais emblemáticos da nossa história é como enxergar, lado a lado, o passado e o presente da Justiça criminal brasileira.
Desde as primeiras páginas, senti aquela sensação de estar diante de algo que não é só literatura jurídica, mas patrimônio histórico. Evandro não escrevia apenas para convencer o tribunal; ele escrevia para defender valores (da época), provocar reflexão e, acima de tudo, reafirmar a importância de uma advocacia criminal combativa, humana e profundamente comprometida com garantias individuais.
O livro reúne sustentações que, mesmo décadas depois, ainda pulsam com vitalidade. E isso diz muito. Em várias passagens, percebi como os desafios enfrentados por Evandro continuam sendo os nossos: o punitivismo que seduz, a opinião pública que pressiona, a necessidade de lembrar ao Estado que a defesa não é um ornamento, mas um pilar essencial do processo penal. Em tempos de redes sociais, julgamentos midiáticos e linchamentos virtuais, suas palavras soam quase proféticas.
Mas o que mais me tocou foi perceber como Evandro transformava a técnica jurídica em narrativa. Ele dominava o Direito, claro, mas dominava também as pessoas. Sabia falar com o júri, com o juiz e, principalmente, com a História. É impossível ler esse livro sem sentir vontade de evoluir como profissional, melhorar a argumentação, estudar mais, observar a humanidade por trás de cada caso. A cada sustentação, tive a impressão de estar sentado na galeria do tribunal, observando uma aula que o processo penal contemporâneo ainda precisa reaprender.
E com a série sobre Ângela Diniz reacendendo debates sobre violência contra a mulher, culpabilização da vítima e atuação das instituições, o livro ganha uma camada adicional de relevância. Ele nos obriga a lembrar que o processo penal sempre foi um espelho da sociedade, com suas virtudes, seus preconceitos e suas disputas de poder. Ler Evandro nesse momento é entender melhor não apenas os erros do passado, mas também os cuidados necessários no presente.
Para estudantes e jovens advogados, A Defesa Tem a Palavra é um choque de realidade e, ao mesmo tempo, uma inspiração. É o tipo de obra que faz a gente levantar da cadeira com mais sede de Justiça. Para profissionais experientes, é um convite a revisitar fundamentos éticos e estilísticos que, muitas vezes, se perdem na correria diária. E para qualquer pessoa interessada no sistema de justiça criminal, é uma oportunidade de enxergar “por dentro” o trabalho daqueles que se colocam entre o cidadão e o poder punitivo do Estado.
Se você quer aprofundar sua compreensão do Tribunal do Júri, das batalhas históricas da advocacia criminal e da importância das garantias individuais, especialmente agora, com os debates reacendidos pela série sobre Ângela Diniz, recomendo fortemente A Defesa Tem a Palavra, de Evandro Lins e Silva.
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